A descrição das vestes sacerdotais pode ser encontrada nos capítulos 28 e 39 do livro de Êxodo. Apesar de não haver grandes mudanças na maneira como as pessoas se vestiam durante o período bíblico, as roupas eram usadas para distinguir o status e papel social entre o povo. O segredo estava nos detalhes.
Em toda a Escritura encontramos um cuidado especial quanto aos ornamentos que os sacerdotes carregavam. Dentre todas as menções a peças, tecidos e enfeites, as vestes sacerdotais são destaque no texto bíblico.
Para mim as vestes sacerdotais demonstram que as roupas do céu não devem deixar nada a desejar, pois quanto mais perto da presença de Deus a pessoa exercia seu papel mais importante era a maneira como ela se vestia. Os roupões brancos são uma representação muito singela da glória das roupas eternas.
Não é à toa que desde pequena me ensinaram que as melhores roupas eram para ser estreadas na igreja.
Vamos passar por alguns dos detalhes ordenados aos artesãos que fizeram as roupas dos sacerdotes:
O colete sacerdotal (Êxodo 28:6-14; Êxodo 39:2-7)
O colete sacerdotal era feito com quatro cores: o dourado dos fios de ouro, azul, roxo e escarlate. O ouro agregava valor quase majestático à roupa do sacerdote. O roxo e azul foram muito usados na composição geral do templo; eram cores comumente usadas em funções sagradas. Escarlate*, ou vermelho, é a última cor usada no colete. A cor também é mencionada em Isaías 1:18, onde o profeta messiânico cita:
“Embora os seus pecados sejam vermelhos como escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; embora sejam rubros como púrpura, como a lã se tornarão.”
Milhares de anos antes de Cristo vir e derramar Seu precioso sangue em nosso favor, as roupas dos sacerdotes eram um memorial (se assim eu posso dizer) de Seu sacrifício.
*Escarlate era um dos tingimentos mais difíceis de lavar.
O peitoral das decisões (Êxodo 28:15-30; Êxodo 39:8-21)
Primeiro, o texto bíblico reforça a necessidade de tudo ser feito de forma artesanal. O que me lembra da alta costura que temos hoje, onde nenhuma máquina pode ser usada. Tudo precisa ser feito por mãos habilidosas de talento extraordinário. Dom dado por Deus àqueles que escolheu para o serviço (Êxodo 31:1-11).
O peitoral das decisões carregava doze pedras preciosas, uma diferente da outra. Nenhuma das pedras era repetida para destacar a singularidade de cada tribo, e algumas delas não estão confirmadas até hoje.
Elas carregavam os nomes dos filhos de Israel. E era necessário que a placa onde as pedras estavam incrustadas estivesse firmemente presa ao colete para estar perto do coração do sumo sacerdote quando ele se apresentasse diante de Deus.
O peitoral era uma lembrança da promessa que o Senhor fez a Abraão, Isaque e Israel. A promessa do filho, da terra e a promessa do Filho e do Reino que não tem fim.
Junto àquelas pedras estava o Urim e o Tumim. É difícil de entender bem a forma como isso acontecia, mas o Urim e o Tumim eram os objetos usados para saber a vontade de Deus. Era requerido que eles também estivessem justos ao coração do sumo sacerdote, pois assim saberia as decisões que o povo deveria tomar.
O colete era a junção da forma e da função, o belo design pensado para ele não visava apenas agregar um grande significado às roupas do sacerdote mas carregava a utilidade de conhecer a vontade de Deus.
“Ponha-me como um selo sobre o seu coração; como um selo sobre o seu braço; pois o amor é tão forte quanto a morte…” Cântico dos Cânticos 8:6
Eu amo a passagem que descreve o peitoral das decisões, esses versículos foram fundamentais em um período da minha vida em que eu precisava tomar… decisões!
Toda Escritura é útil para o ensino (2 Timóteo 3:16), mesmo as mais distantes da nossa realidade moderna têm uma aplicação pessoal para sua vida.
Ombreiras (Êxodo 28: 7-12, 25-27; Êxodo 39: 4-7, 18-20)
As ombreiras sacerdotais carregavam duas pedras, uma de cada lado, com os nomes dos filhos de Israel gravados nelas por ordem de nascimento, seis em cada uma.
Mais uma vez, vemos a necessidade de um profissional qualificado, pois os nomes deveriam ser adicionados de maneira específica, “como o lapidador grava um selo”.
Além de ser um memorial das tribos, há outra similaridade entre as ombreiras e o peitoral das decisões. Umas das pedras se repete em ambas as peças: a ônix, que representava a tribo de José, normalmente referida na Bíblia como as duas meia-tribos de Efraim e Manasses, seus filhos nascidos no Egito.
A ônix representava assim o governo, já que a história de José culminou em seu cargo de comando no Egito, podendo salvar a nação e toda sua família da fome.
No livro de Hebreus, Jesus é apresentado como “um grande sumo sacerdote” (Hebreus 4:14). E em Isaías 9:6, a Bíblia diz que: “o governo está sobre os seus ombros.” Nenhum ponto em toda a Escritura é dado sem nó. Tudo é sobre Jesus.
p.s.: Eu tenho um fato engraçado sobre o esse último conteúdo: parte dele foi inspirado em um vídeo no TikTok. Enquanto eu passava dias escrevendo o conteúdo dessa série, eu pesquisei muito sobre as vestes sacerdotais. Não no TikTok, mas de alguma forma o aplicativo descobriu que estava sendo um dos meus interesses recentes e me trouxe o vídeo de uma menina contando como as ombreiras usadas pelos sacerdotes estavam conectadas a Isaías 9.
O que os dicionários bíblicos deixaram passar o TikTok acrescentou 🙂
A borda do manto (Êxodo 28:33-35; Êxodo 39: 24-26)
Adornada com sinos de ouro e romãs, os enfeites na borda do manto tinham um papel fundamental no exercício do serviço sacerdotal. Os sinos indicavam que o sacerdote estava andando, ou seja, ainda estava com vida. Sabemos que em alguns textos bíblicos há uso de hipérboles, especialmente na descrição das vitórias do povo de Israel. Contudo em outros, a literalidade do texto é impossível de ser contestada.
“para que não morra” Êxodo 28: 35
O trabalho deles era de alto risco. Eles iam diante da Presença de Deus sem a cobertura da justificação feita pelo sangue de Cristo. Os sacrifícios eram apenas um paliativo, e o menor descumprimento das liturgias impostas pela Lei poderia resultar em tragédia, assim como ocorreu com Uzá, quando ele despertou a ira de Deus ao tocar na arca da aliança (2 Samuel 6:7).
As romãs, no entanto, estavam presentes na borda do manto, assim como nas decorações do templo, para simplesmente trazer beleza.
Diadema (Êxodo 28:36-38; Êxodo 39: 30, 31)
O diadema de puro ouro usado pelo sacerdote carregava uma declaração: Santidade ao Senhor (ARC) ou Consagrado ao Senhor (NVI). O mais interessante sobre o propósito da coroa é que ela servia para levar a culpa referente ao pecado cometido contra as coisas sagradas especificamente.
Túnica, turbante e calção (Êxodo 28: 39-42; Êxodo 39: 27-29)
Feitos com linho fino – obra de bordador.
O linho era conectado à santidade de Deus e à Sua Presença, e consequentemente àqueles que estavam ligados ao serviço no templo.
Ele era inicialmente cultivado no Egito, e também era usado pelos sacerdotes egípcios. Em Gênesis 41:42, José é vestido de linho fino ao ser posto como governador por faraó.
O mesmo tecido também era comumente usado em sepultamentos. Assim como as faixas que envolviam Lázaro, o lençol usado para envolver o corpo de Jesus era feito de linho.
O linho fino como descrito no texto, era certamente à moda egípcia e conotava luxo.
Eu amei demais escrever esse post. As ideias são importantes, mas aquilo que é material, que podemos tocar, admirar com o olhar, também é de valor imensurável se você coloca um propósito e uma mensagem no pacote.
S. x
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