Eu estou com a meta de não escrever por impulso, e com todas as minhas tarefas durante a semana, eu tenho escrito apenas minhas orações mesmo. Portanto, no domingo, quando não existe algum texto já pronto que eu sinta que posso compartilhar, eu acabo sentando para escrever intencionalmente o devocional de segunda.
Há três horas que eu estou na frente do computador, já assisti alguns capítulos de This is Us, listei ideias, mas não consigo escrever sobre o tema que havia proposto em meu coração, simplesmente porque não consigo achar o versículo que me inspirou a escrever sobre certo assunto durante a minha leitura bíblica algumas semanas atrás — eu deveria ter escrito na hora.
Eu não costumo inventar versículos, minha memória é bastante falha, mas quando algo me marca eu não costumo esquecer ou confundir. Ou seja, o versículo existe, mas nem pela Youversion nem na minha Bíblia (o que é mais bizarro ainda) eu consegui achar.
Contudo eu não vou deixar de escrever. Vou escrever um texto sobre algo que mexeu comigo hoje. Vou recorrer ao impulso interno. E não me culpe, o Senhor fez o versículo que eu queria usar desaparecer :))
Enquanto estávamos supervisionando a celebração das crianças hoje na igreja, uma das meninas (que tem Síndrome de Down) deu um tapa no rosto de outra sem motivo. Minha irmã me contou isso quase chorando (eu estava longe delas no salão) porque a menina que apanhou ficou muito ressentida e simplesmente ficou sentada chorando, sem fazer absolutamente nada. Acredito que ela deva ter alguma noção de que aquela atitude não tenha sido conscientemente cruel, por isso não revidou. Mas além de mexer com a minha irmã que viu a cena, aquilo mexeu comigo.
Eu sou esse tipo de pessoa. Eu sou a pessoa que passa por coisas que ninguém sabe, simplesmente por não achar que valha a pena revidar. Parte de mim é consciente de que algo que não tem a ver comigo gerou aquela atitude ruim da outra pessoa, e que não é pessoal. Eu preciso só aguentar firme que vai passar.
Claro que não são todas as vezes que alguém me trata mal que eu não faço nada para me defender, especialmente se é alguém mais próximo de mim, o meu medo de retaliação é bem menor. Mas de cem vezes que me ofendem, noventa e oito (porque eu mudei nos últimos anos) eu levo desaforo para casa.

Eu entendo a importância de ser forte e ter baixa tendência a se ofender por saber quem você realmente é. Mas a parte difícil para mim é que não é que eu não me ofenda. Eu sento no meu lugar, pasma como aquela menininha, e choro um choro amargo quando ninguém está olhando. A diferença é que eu disfarço bem.
Não acho que exista mérito em esconder como se sente, apesar de ser bom ter domínio sobre as suas próprias emoções.
“Um tolo expande toda a sua ira, mas o sábio a encobre e reprime.” Provérbios 29:11
“Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei.” Gálatas 5:22, 23 (destaque meu)
Quase ninguém se identifica, por isso quase ninguém sabe os efeitos colaterais que podem ocorrer devido ao autocontrole.
Você pode se tornar obsessiva em tentar entender as motivações de alguém ter te ferido. Pode passar horas pensando sobre aquilo, o que só te faz se sentir pior. Ou você pode se esconder na sua dor e se fazer de vítima. Pode começar a pensar que não faz nada direito, e que não serve para viver em sociedade. Dependendo do dia, o mood pode mudar de hora em hora também, rs.

Os mandamentos de Jesus nunca foram de fácil execução, apesar de serem explicados de maneira simples e simbólica (como nas parábolas).
Coisas pequenas podem gerar grandes dores se você de fato seguir Seu conselho, porque de alguma forma a dor é usada como fornalha de moldagem por Ele. Ainda que não entendamos, nós podemos confiar que estamos na mão de um hábil Artista.
“Mas eu digo: Não resistam ao perverso. Se alguém o ferir na face direita, ofereça-lhe também a outra.” Mateus 5:39
Também não estamos sós na missão da obediência. Jesus nos enviou seu Espírito para nos ensinar a lidar com todos os moods que citei e também tornar a tolerância à ofensa natural, assim como é natural para a árvore dar frutos.
S. x
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