Heroína da minha própria história?

*nota pessoal do dia 27 de Julho de 2021

Um dia desses após um aborrecimento no trabalho, no qual eu acabei pedindo demissão (mas calma que eu voltei atrás), eu e meus colegas de trabalho, que acabaram se tornando meus amigos, estávamos conversando sobre como as pessoas têm dificuldade de perceber seus próprios erros por se considerarem as vítimas.

“Todo mundo é o herói da própria história”, eles disseram. Eu repercuti isso por dias. Eles até acharam engraçado porque às vezes do nada eu repetia isso, mas porque foi esclarecedor!

“Por isso, pela graça que me foi dada digo a todos vocês: Ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, ao contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida de fé que Deus lhe concedeu.” Romanos 12:3

Eu realmente não acho que você deva viver como uma pessoa de alma miserável, pois apesar de ser pecadora, você é uma filha amada de Deus através de Cristo, que possui o Espírito da adoção. Você não é de uma realeza terrena, mas celestial e eterna. Você não deve andar como se devesse algo a alguém que não seja o Senhor Jesus.

“Contra ti, só contra ti, pequei e fiz o que tu reprovas, de modo que justa é a tua sentença e tens razão em condenar-me.” Salmos 51:4

A transformação do seu eu nem mesmo é responsabilidade sua, na verdade, (apesar de você poder colaborar) mas do próprio Espírito Santo. Logo você deve andar de cabeça erguida e confiante de que Aquele que prometeu não é homem, Ele é fiel para cumprir Sua Palavra. Esse é o conceito equilibrado que Paulo gostaria que a igreja em Roma tivesse.

“Estou convencido de que Aquele que começou a boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus.” Filipenses 1:6

Vamos então à vida daquele menino que dividiu seu lanche com uma multidão. Se ele tivesse Instagram seria seguido por milhares depois de ter compartilhado seu “testemunho” de como o Senhor transformou seus pãezinhos e peixes em alimento para toda aquela gente. Ele postaria uma foto com Jesus, ou faria um reels mostrando a distribuição do milagre. Ele teria muita glória para ele, apenas por fazer parte da história — ele se tornaria um herói.

“Eu sou o SENHOR; este é o meu nome! Não darei a outro a minha glória nem a imagens o meu louvor.” Isaías 42:8

Felizmente não foi o caso daquela criança. Ele entregou seu lanche para os discípulos e não teve seu nome lembrado no registro de seu feito generoso, nem mesmo sabemos se ele teve contato direto com Jesus. Ele fez o que tinha nas mãos para ajudar e não foi contado já que ainda não era um homem crescido. “Sociedade empática” não era o lema naquela época.

E no fim da história sabe o que houve? Sua diminuta refeição gerou a sobra de 12 cestos de pães e peixes. O que aquele menino levou para casa daquilo? Nada.

Nenhuma glória. Nenhum milagre. Nenhum pão. Verdade que ele deve ter se alimentado bem com a multiplicação. Mas ele não foi tratado como o herói da história deveria ser tratado! Sabe por quê? Porque sem Jesus, cinco pães e dois peixes são cinco pães e dois peixes, e nada mais. Aquela criança não era o herói, uma criança com um bom coração, eu diria, mas o verdadeiro herói foi o Senhor. E isso aquele menino não questionou.

Por que precisamos tanto de reconhecimento? Por que confiamos tanto na nossa capacidade? Não pense que é menos, mas também não pense que é mais! Seja equilibrada. E o equilíbrio está em saber, reconhecer e dizer “eu não sou a heroína da minha própria história!” Jesus é meu herói! Só Ele pode salvar o mundo, só ele pode salvar o meu mundo. E ele faz isso muito bem, todo dia quando para mim parece que está tudo desmoronando.

Que tal a história de Paulo? Um homem admirável, sem dúvida. Estabeleceu bases doutrinárias sólidas para a Igreja recém-fundada por Jesus Cristo. Ele porém não foi herói de sua própria história. Se não fosse o Senhor derrubar seu inimigo, o vilão chamado Saulo, Paulo nunca teria se tornado quem foi.

E mais, se não fosse o testemunho de um “ajudante de herói” que também estava envolvido com distribuição de alimentos, a vida de Saulo não teria sido iniciada na perseguição dos crentes, e por fim na sua conversão. Talvez Deus arranjaria outra forma de “cutucar” Paulo, mas a vida de Estevão é um grande exemplo de alguém que não se considerou herói, e o Senhor o tornou um para Sua glória.

Distribuidor de cestas básicas, quando interrogado, Estevão não contou sua história, mas a História da Redenção. Que homem extraordinário. E essa é a lição que deixa para nós: além de não sermos heroínas por aqui, essa história nem é nossa, amiga, ela é do Pai. Nós somos o meio pelo qual Ele escreve. Boca de Deus, como alguns dizem, ou “como a pena de um hábil escritor.”

“Pois dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele seja a glória para sempre! Amém.” Romanos 11:36

“Pois nEle vivemos, nos movemos e existimos; como disseram alguns dos poetas de vocês: ‘Também somos descendência dele’.” Atos 17:28

“É necessário que ele cresça e que eu diminua.” João 3:30

S. x