*nota pessoal do dia 26 de Dezembro de 2020
Eu não costumo fechar minha leitura bíblica no fim do ano, normalmente eu não faço de janeiro a dezembro mesmo. Mas esse ano foi atípico e eu estou correndo contra o relógio, aproveitando os feriados para começar 2021 sem atraso e pronta para recomeçar.
Bom, desta vez no entanto deixei os livros que “gosto menos” de ler para o final. Entre eles estão os três últimos do pentateuco e os livros de Crônicas. Pode te surpreender que estejam no mesmo nível para mim já que I e II Crônicas são repletos de momentos impactantes e reviravoltas, mas por isso eu estou escrevendo este texto.
Os livros de Crônicas possuem histórias de pessoas teimosas que foram postas como reis sobre a nação de Judá pela fidelidade de Deus à promessa feita a Davi. Grande parte deles foram infiéis ao SENHOR e se prostraram aos ídolos das nações vizinhas para garantir sucesso em suas relações com povos estrangeiros. A outra parte foram governantes aparentemente piedosos que buscaram fazer a vontade de Deus mas que por um detalhe destruíram qualquer chance de serem admirados por mim (isso mesmo).
Eu me indigno ao ver homens que poderiam ser heróis na fé se tornarem exemplos de queda, do que não se deve fazer. E sabe o que mais me deixa desconfortável em ler a história destes homens? É que eu me pareço com eles.
Eu tenho más atitudes, não sou digna da minha fé e vocação. Eu falho e sou orgulhosa demais para assumir meu erro. Dou justificativas quando deveria pedir perdão. Eu ouço conselhos de quem não deveria e ignoro instruções de pessoas mais maduras que eu. Detesto ser questionada e que apontem minhas falhas… Ufa, e por aí vai…
Não sei você, mas eu gosto de me imaginar tendo ações piedosas, sendo pacífica e amorosa, como se houvesse chance de corrigir erros do passado. Isso me faz analisar as situações e percebo que tudo se desenrolou por causa de detalhes, detalhes que fiz “vista grossa”, mas que fizeram toda diferença no fim das contas.
Eu pensei estar certa, as minhas intenções pareciam ser justas… Mas por um detalhe eu não fui quem Deus me fez para ser. E não importa quanto tempo passe, os detalhes mudaram o rumo das coisas… Não é possível passar uma borracha e reescrever a história (assim como fiz algumas vezes durante a redação desse texto), e isso me traz certa desesperança.
Bom, quando eu vou explicar o Plano de Salvação para as crianças normalmente eu uso o recurso do Livro Sem Palavras. Nele não há nada escrito, apenas cores. E a ordem é amarelo, preto, vermelho, branco e verde. Hoje eu não vou descrever para você o que cada cor significa, mas vou sim contar boa parte da história:
Quando o pecado entrou no mundo corrompeu o coração de cada ser humano deixando ele sujo (preto) e distante de Deus. Só havia uma solução: Jesus derramou seu sangue puro e carmesim (vermelho) para apagar nossos pecados, mediante a fé e a confissão, e tornar nosso coração branquinho como uma folha de papel pronta para receber uma nova história.
Eu amo o plano de redenção que o Pai escreveu. Eu amo a mensagem da cruz!
Uma oferta de perdão, de uma nova chance é tudo o que precisávamos e Ele nos deu.
Um dia desses enquanto ouvia um sermão do Tim Keller pude enxergar a famosa história de Davi e Golias como nunca antes. Ele dizia sobre como sempre nos foi pregada de maneira incorreta a narrativa bíblica sobre o fato — nas canções que cresci ouvindo com minha mãe, os cantores colocavam o cristão no lugar de Davi, o herói incapaz que venceu o gigante na força do Deus de Israel.
Contudo, a ilustração pode ser feita de uma outra forma (e acho que me encaixo melhor nessa): nós somos o povo medroso que não ousou descer naquele vale para lutar com Golias. Somos omissos e conformados, ingratos e inseguros quanto às promessas do SENHOR.
Mas Deus! Mas Deus enviou um menino bem diferente do que era considerado um grande guerreiro, ele tinha uma aparência gentil e braços finos. Deus fez aquele menino descer naquele vale, enfrentar os insultos daquele gigante e por fim derrotá-lo com uma arma imprópria para guerra — seja ela uma funda, ou uma Cruz.
Eu não consigo mais lembrar dos meus pequenos arrependimentos quando eu penso na maneira como Ele nos amou.
Nós temos um Campeão, alguém que tomou o nosso lugar e venceu a guerra por nós! Sem que precisássemos fazer nada.
Enquanto eu estava me vitimando (até mesmo dos meus próprios erros e como eu era “incapaz” de fazer diferente), Ele estava, consciente de toda a minha sujeira, descendo naquele vale para garantir a minha vitória.
Não há detalhe que mude isso. Nem erro grande demais que o impeça de reescrever a minha e a sua história.
S. x
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