Depois de ter contado um pouco sobre PatBO, chegou a vez de Alexandre Pavão. Eu gosto da similaridade entre as duas histórias, porque as marcas se entrelaçam com a trajetória pessoal dos estilistas, carregando seus próprios nomes.
Eu conhecia muito pouco sobre a grife Alexandre Pavão, sabia apenas que suas bolsas diferentonas e exclusivas foram queridinhas dos fashion tiktokers brasileiros nos últimos dois anos. Mas lendo duas entrevistas com o estilista, uma para a FFW e outra para a Elle, eu entendi a genialidade por trás do hype.
Quando adolescente Alexandre trabalhava com customização ao lado de sua mãe em um negócio familiar. A primeira bolsa que criou foi no ateliê de seu professor do curso técnico de calçados e acessórios do SENAI. O estilista é formado em Desenho Industrial, curso hoje conhecido como Design de Produto, o que deixa meu coração de designer feliz em ver sua marca ganhando expressão mundial.
“Minha mãe sempre me ensinou a fazer o melhor com que a gente tem e tem muito disso no meu produto: é uma gambiarra, mas uma gambiarra muito boa.” Alexandre Pavão para FFW
Uma característica marcante das bolsas de Alexandre Pavão é o uso de elementos inusitados em sua elaboração, como: redes de pesca, mordedores de cachorro, mosquetões, etc. Acredito que isso reflete muito a cultura brasileira, usar a criatividade para tirar o melhor de coisas que estão à mão, e mudar suas utilidades para servir à sua necessidade.
Outra coisa que me chamou atenção, como alguém que trabalha com marketing, é que a divulgação inicial da marca e o seu boom foram através de um movimento orgânico dos consumidores. É o sonho de qualquer empresário que os seus clientes se tornem fãs de seus produtos, e foi o que aconteceu com Alexandre Pavão. As visualizações de unboxings e reviews de suas bolsas passam de 14,4 milhões no TikTok.
Em contrapartida, pesquisando sobre a grife encontrei reclamações sobre a qualidade dos detalhes das bolsas. Algumas feitas de couro mas com mosquetões sem reforço, segundo comentários de pessoas que compraram um dos modelos. Também conseguimos ver algumas dificuldades em atender a certas demandas, como relacionamento com consumidor no pós-venda, o que é compreensível com o crescimento exponencial.
Mas outra coisa que reparei é que o marketing de escassez deles e o uso da exclusividade tem dado super certo, a maior parte dos comentários nas publicações deles no Instagram são pedidos de retorno das bolsas que foram lançadas e já esgotaram.
“Em minha marca, uma pessoa não precisa ser milionária para ter algo exclusivo”, afirma Alexandre Pavão em entrevista para Elle
Acho muito inteligente a percepção de Alexandre como designer e empreendedor na questão da produção por demanda também. Encontrei algumas reclamações sobre a demora na entrega, mas acredito que pelo valor da criação personalizada deve-se requerer paciência. Além disso, economia de matéria e sustentabilidade são consequências desse tipo de estratégia.
Apesar do hype ter acalmado um pouco em 2023, eu espero que a marca vá longe e tenha ainda mais espaço entre as grifes internacionais. Como brasileira, seria muito bom ver gente fazendo as coisas do jeito brasileiro ganhando sucesso no exterior, já que normalmente as marcas brasileiras que ganham espaço no mundo da moda fazem tudo à la europeu/estadunidense.
O que você acha das bolsas de Alexandre Padrão? E qual outra marca que você gostaria de ver por aqui?
C’est tout,
S. x
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