Quem nunca ouviu: “Eu admiro muito a Jesus, mas tenho minhas restrições quanto ao Deus do Velho Testamento”?
Bom, esse tipo de interpretação precipitada quanto à natureza de Deus antes do nascimento de Cristo como homem é mais comum do que percebemos, em crentes e não crentes.
No desenvolvimento do pensamento cristão essas dúvidas surgiram, e em certos momentos geraram heresias que duraram séculos e que exigiram um trabalho árduo da Igreja e dos teólogos da época para serem combatidas, com concílios e embates reais.
Gnosticismo
Entre outras coisas, os gnósticos acreditavam que o Deus do Antigo Testamento não era o mesmo Deus que os cristãos confessavam, ou seja, eles eram diteístas.
Porém,
Como no discurso de Estêvão no Sinédrio (Atos 7), o Deus de Abraão, Isaque e Jacó é citado diversas vezes na Nova Aliança, provando ser Ele o mesmo.
“Povo rebelde, obstinado de coração e de ouvidos! Vocês são iguais aos seus antepassados: sempre resistem ao Espírito Santo!” Atos 7:51
Subordinacionismo
Afirmava haver diferentes níveis de grandeza dentro da Trindade e que uma Pessoa estaria sujeita à outra, por exemplo: Deus Pai > Cristo > Espírito Santo (que por vezes nem entrava na equação).
Pode ser resumido no pensamento de dois teólogos do século III responsáveis por extremo subordinacionismo:
Novaciano defende subordinação na Trindade: “Cristo é maior que o Parácleto, porque o Parácleto nada receberia de Cristo exceto se fosse menor que Cristo”.
Dionísio, o grande (de Alexandria)
Enfatizava que o Pai é o agricultor, mas o Filho a Videira, ou o Pai o artesão e Cristo o barco.
Luciano de Antioquia
Fundou uma grande escola rival a Alexandria, se pondo contra o método alegórico e implantando o estudo do método Histórico-gramatical; fundou o grupo de teólogos chamados de “colucianistas”, o grupo de subordinacionistas extremados, das quais fez parte Ário.
Contudo,
Se houvesse mesmo esta diferença entre Cristo e o Espírito, o seguinte versículo não faria sentido:
“Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado.” Lucas 12:10
Em sua carta aos Colossenses, ao falar sobre Jesus, Paulo deixa claro que:
“Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste.” Colossenses 1:17
E sobre si mesmo Jesus diz a Filipe:
“Quem me vê, vê aquele que me enviou.” João 12:45
Arianismo
Cria que Deus criou o Logos, ou seja, que Jesus seria uma criatura de Deus; gerou a necessidade do Concílio de Niceia (325 d.C).
Entretanto,
“Cremos em um só Deus, Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis.
Cremos em um só Senhor Jesus Cristo, o único Filho de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, luz de luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus; gerado, não criado, de igual substância do Pai; por Ele todas as coisas foram feitas. Por nós, homens, e por nossa salvação, Ele desceu do céu e se fez carne, pelo Espírito Santo, da virgem Maria, e se tornou homem. Também por nós, foi crucificado sob Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado. Ressurgiu no terceiro dia, conforme as Escrituras. Subiu ao céu, está sentado à direita do Pai e de novo há de vir, com glória, para julgar os vivos e os mortos, e seu reino não terá fim.
Cremos no Espírito Santo, Senhor e Vivificador, que procede do Pai e do Filho, e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; que falou através dos profetas.
E na igreja una, santa, universal e apostólica. Confessamos um só batismo para remissão dos pecados.
Esperamos a ressurreição dos mortos e a vida do mundo vindouro.
Amém.” Credo Niceno
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